Malhação, saúde, físico e adolescência. Palavras que se unem quando pensamos na nova geração que cada vez mais frequenta academias em busca de um físico "malhado". Os homens querem ficar fortes, as mulheres emagrecer e, nessa constante preocupação e culto ao corpo, os adolescentes quando acompanhados por um profissional, ganham uma vida saudável e saem do sedentarismo.
Mas qual é a idade indicada para começar a frequentar academias? De acordo com a endocrinologista Fernanda Magalhães, os exercícios físicos são extremamente importantes em qualquer fase da vida, pois, além de proporcionar uma série de benefícios para a saúde, promovem a socialização e estimulam o convívio em grupo, principalmente entre os adolescentes: "Eu já ouvi um professor de educação física falando que o ideal é fazer exercício físico do dia que nasce ao dia que morre, e concordo com ele, mas o importante e necessário é a adequação dessa atividade física e de sua intensidade com cada fase da vida. Por exemplo, as crianças e adolescentes não devem fazer atividades intensas para não prejudicar o crescimento".
A atividade correta
O tipo de exercício a ser feito não importa, desde que seja praticado moderadamente e orientado por profissional habilitado que respeite, acima de tudo, o limite físico de cada pessoa, principalmente dos adolescentes que, nesta fase da vida, querem alcançar a perfeição física exigida para se encaixar nos padrões de beleza de hoje.
Não existe um exercício específico indicado para a adolescência As atividades físicas, tais como dança, artes marciais, musculação, exercícios localizados, podem ser feitas com algumas restrições. "O errado é não ter instrução, porque dessa forma, com certeza a pessoa terá problemas de articulação e de crescimento. A adolescência é a fase de desenvolvimento, a pessoa precisa procurar um instrutor formado, uma academia boa e de credibilidade para que possa desenvolver as atividades de maneira correta. Tudo isso só ajuda no crescimento e não ao contrário", explica o professor de educação física e personal trainner Reginaldo Damião.
O aposentado Marco Antônio dos Santos, 63 anos, foi atleta de natação dos 9 aos 14 anos e sempre praticou esportes como futebol, pesca, além de frequentar academia desde os 57 anos: "Quando comecei a praticar esporte, não fiz pensando na minha saúde, no meu preparo físico, fiz porque gostava e nessa época era assim. Eu gostava de nadar, jogar futebol, pescar, remar, mas não fazia isso como uma cultura ao físico e sim porque era bom fazer. Ganhava, de quebra, as vantagens".
Mas, se antes a malhação era simplesmente um lazer, atualmente os jovens entram nas academias com objetivos estabelecidos. No caso da estudante de Medicina, Flávia Dias,19 anos, a "malhação" entrou em sua vida por indicação médica quando ela tinha 16. Ela nunca mais parou. "Eu comecei a malhar por pura indicação médica, mas é claro que ajuda a manter o físico", comenta.
Quanto a musculação, não há comprovação que ela atrapalhe o crescimento. A recomendação dos especialistas diz respeito ao limite de peso usado, trabalho com carga máxima, ou seja, o levantamento máximo de peso que se aguenta, deve ser evitado. Geralmente, depois dos 11 anos, desde com acompanhamento de um professor, a musculação pode ser feita visando um treino de resistência muscular. "Meus pais só me deixaram fazer academia depois que me levaram ao médico e ele explicou que não era para eu pegar peso, mas fazer exercícios para perder gordura, manter a forma física, não para ficar forte", afirma Felipe Alves de 15 anos, que começou a malhar aos 11.
Ao freqüentar uma academia, por exemplo, o jovem acaba fazendo amizades e cria um vínculo mais forte com o exercício. Além disso, com o passar do tempo, a atividade física traz benefícios para a saúde, como reforço da capacidade cárdio-respiratória e imunológica, prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose, diabetes, hipertensão, câncer e são um remédio contra o sedentaris-mo.
Na prática, dois comportamentos preocupam os mé-dicos: o excesso de atividades esportivas e o uso de esteróides anabolizantes, GH (hormônio de crescimento) e suplementos. "Em relação aos anabolizantes, um instrutor formado com a consciência saudável, vai passar aos seus alunos que com uma alimentação legal e com a malhação, o objetivo do corpo sarado vai ser alcançado rapidinho, sem ter consequências prejudiciais à saúde", alerta o professor Reginaldo Damião.
O aluno de Karatê, Luís Vieira de 15 anos critica o uso de anabolizantes: "Acho que não é necessário, faz mal pra gente e, na verdade, a única coisa necessária para se preparar fisicamente é o treinamento e a prática, com isso podemos chegar a qualquer lugar".
Outro problema encontrado nas atividades físicas durante a adolescência são os jovens que exageram nos exercícios e buscam algo que muitas vezes nem precisam. "Existem adolescentes que nos procuram a clínica para emagrecer, apesar de estarem com um peso ideal. Mesmo assim, fazem academia três vezes ao dia. Por isso, tudo tem que ter bom senso, o exercício é ótimo, mas tem que se tomar cuidado com o exagero", explica a endocrinologista Fernanda Magalhães.
"Na academia, observo que além de buscar o bem estar físico e a saúde, muitos adolescentes veêm para paquerar. Então, vem uma turminha de moças para malhar o que é ótimo, mas estão sempre de olho em um garoto e vice-versa. É um clima jovial mesmo, e o importante para nós é que eles alcancem o bem estar físico e mental", observa Reginaldo.
Fazer exercício é sempre importante, em qualquer idade. Na adolescência, a atividade física pode ajudar a moldar o corpo e até mesmo a personalidade do praticante. Os cuidados e respeito às regras devem ser analizados para evitar problemas. "A adolescência é uma fase de transformação e o adolescente geralmente não é muito satisfeito com aquilo que tem, então é necessário preservar a auto-estima e por isso a atividade física é importante, mas deve ser feita realmente de uma forma saudável tanto fisicamente quanto psicologicamente", esclarece a endocrinologista Fernanda Magalhães.
Se os adolescentes estão a cada dia mais interessados em "malhação", e incorporam a sua prática em suas rotinas de maneira correta e com acompanhamento, com certeza, ganham uma vida mais saudável e as consequências são positivas. As academias cumprem hoje um papel importante na vida dos jovens e por isso devem ter consciência e trabalhar com ética em prol dos adolescentes e quem sabe futuros atletas.
Precauções
Atividade física em excesso pode sobrecarregar. Alguns sinais denunciam a compulsão em adolescentes. Os pais devem desconfiar se eles ficam abalados quando perdem um treino, evitam ficar sentados porque acham que queimam poucas calorias e nunca se sentem satisfeitos com o próprio desempenho físico.
5 passos para uma boa malhação
1) Alongamento: Deve ser feito antes de iniciar qualquer atividade física e, no final delas. Ele ajuda a prevenir lesões nos músculos e tendões, evita dores musculares e aumenta a flexibilidade do atleta;
2) Aquecimento: Tem o papel fundamental na "malhação", faz com que a temperatura corporal aumente, o que por conseqüência aumenta a forca muscular. Ele também otimiza a coordenação neuromuscular.
3) As roupas: É fundamental que sejam leves, flexíveis e confortáveis para facilitar o exercício. Um tênis com amortecedor é muito importante para que não ocorram lesões nas articulações. Em caso de esportes aquáticos, não se deve ficar com maio molhado por muito tempo e o uso da touca é indispensável.
4) O banho após os exercícios: Ele deve ser iniciado 10 ou 15 minutos após o término dos exercícios, não antes disso, para que o processo de sudorese termine. Tome uma ducha morna, para relaxamento dos músculos.
5) A Hidratação: Melhor do que só hidratar o corpo, é também repor os sais minerais perdidos durante a atividade física. A água é a bebida que mais agrada a reposição líquida, mas sucos, água de coco e isotônicos também podem servir como aliados na reidratação. Não importa qual dessa bebidas, o importante é bebe-las durante e após os exercícios.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a inatividade física é responsável por 54% dos riscos de morte por distúrbios cardiovasculares, 50% dos derrames fatais e 37% dos riscos de casos de câncer.